sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Incoerência

Lá em São Paulo eles tinham esse grupo, Mário de Andrade, Trasila do Amaral, Pagu, Anita Malfatti, Oswald de Andrade. Anita, dizem, acabou apaixonada por Mário, e Mário acabou apelidado de Miss Macunaíma por Oswald, entre outras rixas mais, e Oswald, que preferiu o angu de Pagu, acabou enxotado pela mulher, Tarsila, e Tarsila, que despertara uma paixão em Mário, acabou odiada por Anita, que nunca mais conseguiu pintar nada que prestasse depois que Monteiro Lobato acabou com ela numa crítica.
Isso me fez lembrar o Quadrilha, de Drummond. Ou talvez a Quadrilha. É, a! Um ambiente em que não tem final de contos de fadas para ninguém, em que estão todos insaciados e desafortunados, eles
sim são uma quadrilha. Assoladores de faculdades afectivas.

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J.Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

É fado do ser humano estar sempre insatisfeito com tudo, sempre nada é suficiente para ter motivo de extravasar sua infelicidade. Uma segunda-feira chuvosa, um arroz queimado, o que for. Realmente, não sabemos, aliás, muitos não sabem o que realmente é a infelicidade. Isso pode soar bastante cliché ou mesmo como uma hipocrisia. E é! Mas quem não é hipócrita ou usa estereótipos de vez em quando para passar uma mensagem elegante que atire a primeira pedra. De outro modo, primeiro a análise era sobre os amores ilícitos da sociedade paulista da década de 20, depois as insatisfações e impertinências do amor e, agora, o feijão queimado. É melhor não continuar, amanhã é dia de acordar cedo. Boa noite.
Ou quem não usa desculpas incoerentes em certas ocasiões?


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